sexta-feira, 3 de junho de 2011

POBRE PAISAGEM COM MULHER POBRE



A anônima no chão: ela pergunta?

Ela dorme? Seus pesadelos em seus olhos são exatos?

O concreto e as pernas armados a dissolvem

estes mesmos que à distância se distanciam condenando.



Pobre e rota, mãos escuras, alquebrada língua,

litros de secura, orgulho nulo, viés e mau agouro.

Aumenta o quadro o riso sardônico alheio

que a faz um quadro mais taciturno, fundo e espesso.



Um gemido... – no chão citadino e sem escolhas

provoca o desdém, além de alguém e o mal de todos.

Miram-na no solo, na vida, que nasceu abandono;

no suspense sujo de uma ninguém que ninguém perdoa.



Estranho pendor de ser além de tudo aquém de nada,

carne com tremores e ciclones no corpo faminto.

Sim, este espaço é desta mulher, que, completa,

tem seu lugar como lápide da cidade com a boca cerrada e aberta.

Um comentário:

carmen silvia presotto disse...

"carne com tremores e ciclones no corpo faminto..." descreves a paisagem que nosso cotidiano banaliza, que poema!, gracias Nestor.

Beijos e boa semana.

Carmen.