sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

APNÉIAS



Minhas apnéias.
E  de todos os dias maus
refletidos
numa noite espessa, indigesta,
igual.

E outro dia que se forma
no meio de maio.

( um filho que se transborda
pela manhã...)

Fabricar palavras sem a correspondência,
vida de cenários, nada de relicários mágicos.

A temporada de caça às
palavras
começa prematura,
sonolenta agrura:
soníferas estrutura.

Ilha
escura. Pilhas vazias,
gruas sem o riso.
Penumbra

Os atos do meio-dia
formam esta sangria
em  sono.

ARCANO XIII

Luto. A noite veste seu manto negro sem estrelas.
Cessem todas as canções, silenciem os pássaros, menos as corujas.
Estão murchas as rosas, os girassóis e as sempre vivas.
Tragam os cravos, os crisântemos e os misosótis.
Tragam um padre, as velas , um caixão e as carpideiras, pois eu morri.
Não chamem os amigos, que estão todos ocupados.
Deixem os colegas de trabalho, precisam do emprego.
Não chamem a família, não há ninguém em casa.
Ao meu lado, só o meu assassino que é meu amor.
Sou luto vivo, morta ambulante que não pereceu pelo aço
mas consumiu-se pelo fogo.
Sou fênix ainda cinzas, sem corpo nem asas.
Ceifada, aguardo a reunião dos pedaços no caos que gera outra de mim.
Agradeço a minha Judas, disfarçada de carne e sangue,
revelada pelo meu amor, assassino da minha surrealidade.
Recalcitrante, reluto, mas agora, o tempo não mais era nem foi.
O tempo, agora, é depois.

 POEMA-YNDIARA MACEDO