sábado, 7 de novembro de 2009

FUNDO AZUL COM BRINCADEIRINHAS

DISSERAM-ME

Disseram-me que Nestor Isejima Lampros
era um segredo:
por fora lance lancinante,
por dentro uma folha
sem árvore por dentro.

Depois de pesquisar,
depois de nascer,
depois de morrer, entre lanças e ricochetes,
reautonomizo a palavra.


Espero
que a definição
mais próxima
e exata seja
a de uma noite
numa
estrada.


Pessoas existem para ficar

de olho
no olho
nuclear.

E sentindo a
variação
discordante
nascer sem dentes
é muito cortante.


Sorrir não é tudo.
Precisamente
sorrir
do absurdo.
É sacolejar no rumo
avesso dos mundos
dos mudos
e dos surdos.

De tudo que lhe dei
O que ficou?

Não sei.
Sei que fugiste
ao mirarmos
a parte
que nos abre.
No fundo
do poço
a neve é entulho.

E fundamentalmente no fim
de tudo
Quem nasceu?
Não sei. Lascas de pedras
Rompantes de canções
e música desnavegando

De tudo que ficou
não sei resumir,
e tudo se perdeu no lastro
de me contrariar
no centro
de absurdos
que não sei.

Sei que fico ouvindo
cavalos alados e canções aos sábados.

No fundo de uma floresta de agrados.

O eu sei?
Não sei.
Dormir
é mais sábio,
mesmo em
instantes,
mesmo em
estantes.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Privatizado

"Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar.
É da empresa privada o seu passo em frente,
seu pão e seu salário. E agora não contente querem
privatizar o conhecimento, a sabedoria,
o pensamento, que só à humanidade pertence."

Poema de Bertold Brecht


Privado de socialização,
o homem se entoca
como um acuado
cão

Nestor Lampros

O Analfabeto Político

O Analfabeto Político

"O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão,
do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia
a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta,
o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista,
pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."
Nada é impossível de Mudar
"Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de
hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem
sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural
nada deve parecer impossível de mudar."


Poema belíssimo de Bertold Brecht. Bem colocado na realidade nossa política de cada dia. Para não nos esquecermos nunca!!

O SURREALISMO É UM DENTIFRÍCIO

DEDARAM A MÃE. Filha da pura gama de uma espelunca.
Plínio, satisfeito, roubou cimento e o cascalho
nasceu com a fossa negra
nas entranhas de uma terra.
A mãe sacudiu o corpo.
Presenteou sua face murcha, em breve horizonte de planos,
em alguma andança desigual e feroz, no dia.
A suarenta medusa introduziu um dedo.
Parecia que cortava por dentro.
A fome especulava milhões em gastos públicos.

Poesia não é para ontem, diziam.
É para amanhãs, e perfazia o ciclo menstrual
de cotilédones plenos.
Presos em seu sêmen e nos dedos de menos.

A vida, esta que se pratica, rompe a estardalhada do absurdo.
Prenhe revela- se anormal.
Mas quem não o é?

Somos uma plantação de alto risco. Imagina
se a polícia nos pega
plantando além de tudo, milho? Erva?...

E as vozes de Plínio roubaram sua cena.
Inverta o desgosto.
Um punhado de homens capturou as guelras dos Príncipes Submarinos.
Para, para- tem conversa que nunca precisava começar no infinito...

E onde é que aviões de descargas descarregam
as fezes dos notívagos? Aeródromos contíguos? Em noites em desuso, desiguais e peludos?

Sorri. Entendi. Minha cena era um
quarto crescente- e Plínio era o duque dos termostatos,
sem aparentes desiguais. De tudo
o mais que enfiem os dedos.
basta mergulhar no somenos.
Nos pesos... E guiar a agulha dos ventos
em ventos que guiam as viúvas.

Rajada de metralha.

(Haja afasia generalizada, nas utopias que enchentam as pias!...)

LULA E A ERA LULA CONSAGRADOS

Está voando pelos computadores da internet um e-mail que cataloga os desmandos dos últimos governos, desde a ditadura, de 64 até 1985, e dos governos eleitos pelo povo (já que o Sarney não foi eleito pela população, e sim, por um Colégio Eleitoral, vindo a ser presidente, com a morte inesperada do então candidato eleito, Tancredo Neves, em 1985...).

É engraçado como a leitura desse e-mail nos faz abrir os olhos para este estado de coisas, que se convencionou ser chamado de o Brasil. Um Estado de calamidade pública, algo abaixo da linha do equador, que não tem eira nem beira, nem beira; um conto surrealista(não só é surrealista porque nunca foi a favor da literatura).Algo de podre nestes trópicos de outro quilate. Algo de uma maldição que não nos pega de surpresa mais.

É que o e-mail a que me refiro mostra o nosso querido presidente Luiz Ignácio como um antro de barbaridades no tocante à malversação das verbas e do poder público. Passei a vista nos itens que me chegavam ao cérebro e não pude me conter e ...rir... o que fazer? Rio para que não me chamem de Tristezmundo, ou coisa parecida. Não, meu riso foi de uma surpresa, não de cinismo. Parece que tudo o que o nosso presidente toca, ou simplesmente pensa, ou mesmo que não pense( como Midas) transforma- se em corrupção ativa, passiva, analítica, e outros nomes. Por aí poderíamos fazer teses que dariam imensos TCCs. Os nossos estudantes poderia se esforçar e tentar compreender o porquê disso.

Ele, o nosso Lula, não é um Presidente, é um REI que declarou sempre ter algo do novo em suas papas e língua. É bem verdade, ele chora. Não porque a emoção brote do fundo da alma. Mas porque o treino fez ele apontar para a melhor ocasião para verter lágrimas. Decerto ele ri, também. E ri dos que votaram nele por pensar que fosse alguém que não fosse trair. Traição é uma palavra que podemos encontrar neste partido sui generis , que é o partido dos Trabalhadores. Onde têm a primazia do trabalho, sendo que ninguém trabalha, na verdade. Veja o histórico de trabalho do próprio Luiz Ignácio- quanto tempo ele tem de carteira assinada e de trabalho?

Nuca pude presenciar algo tão sardônico como as listas pela rede, que me viera aos olhos. Têm de tudo e mais um pouco. Pra lá de consagração este Luiz Ignácio. Parabéns, perdi – me na conta de quantos escândalos. De quantas versões novamente vem me realçar a lembrança( já que nós brasileiros somos bem esquecidos, mesmo, não só eu).

Deu vontade de pedir a conta e sair para a Noruega. Para Estocolmo, ou mesmo Stambul. Mesmo sendo alguém que aprecia os dotes naturais e culturais do Brasil, uma vergonha me arrepiou os pelos, como se fosse um espírito que perpassasse por mim. Um espírito zombeteiro de nome Luiz. O outro homônimo, que deixara o nordeste para tentar a vida como torneiro mecânico, e quem sabe fosse mesmo alguém que resultava em um dia aprontar para todos que era “A Promessa” vinda do povo para o povo. E o Povo nunca foi tão particularmente projeto particular como nesse governo. Sempre entre os seus, sem deixar muito rastros que o incriminem. E mesmo deixando uma taxa de inflação tão normal e bem vinda. Par amostrar que é um ídolo pop - star no mundo, deixando um rabinho de diabo, para aqueles que não são tão míopes assim, no nosso Brasil.

Monção




Quadro de Kandinsky

Nuvens -sorrisos

Faço chover.
Invoco as nuvens.
Capturam-me e me deslizam;
na falta das alturas
me sorriem,
se precisam...

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Paisagem de Tarsila

Noite, texturas entre os dedos

Mesmo alquebrado,
Com a boca em chamas,
Uivando da noite grande
O orixá pega o primeiro filho
E mandou – o para as cavernas de Ninrode.

Depois Iemanjá canta da vida na água
E faz do coro de seu nome azul, o vento
Que descarrega as palmas das mãos em brancuras.

Negra, negra como a noite
Como a vida de Sunamita.
Como o portal de Elifaz...

Esta negra que rega as plantas com seus olhos negros,
E como negra refaz no seu corpo
Minhas esculturas nas alturas...

Noite, noite
Que transfigura
As sobras em chuvas dos orixás.

E então na beleza negra de um sorriso em amplidão.
Recoheço o tempero
Seu na medida exata de minha fome intensa
Em amá-la com atenção, carne, e visões.

Negra, negra, como a noite
Que manhã nascerá na tua chuva
Ao amanhecer?

Negra, noite, noites
Quem te criou ontem?
Saíste do reino do xadrezes
E venceste a complexa
Partitura
De tuas vestes brancas
Dos brancos peões, bispos e rainhas?

Negra, negra como a noite
Te procuro
Sou o dia
E tua consumação...