sábado, 31 de outubro de 2009

Carta aos jovens estudantes

Atibaia, primeiro de novembro de 2009. Caros alunos da escola José Alvim. De início desejo informar que na década de quarenta, no antigo prédio do Grupo Escolar, ocupei essas mesmas carteiras que ora lhes pertencem.

Numa exposição de fotos comemorativa dos cem anos de ensino nesse estabelecimento, me vi de calças curtas e diploma na mão. Peço licença para saudar a memória da professora Teresa Marcílio, cujas lições de vida me ajudam sempre.

Assim acontecerá com as novas gerações. Guardem no coração o tempo presente, vivido ao lado de pessoas interessadas no progresso de cada um dos discentes. Enfrentem, pois, ao amanhã sem nenhum temor.

Agora, quero informa-lhes que li com muita atenção os textos a mim endereçados, em razão de um artigo que publiquei no Jornal da Cidade, com o título de “ Que futuro nos aguarda” . Gostei intensamente dos comentários, principalmente porque revelam amadurecimento e independência na maneira de pensar.

Parabéns. Questionem sempre. Tomem decisões só depois de bem analisar os assuntos postos pelo cotidiano, principalmente os que invadem a nossa casa através da televisão. Não aceitem que estranhos daninhos decidam pela gente. E, se alguma idéia os convencer, defenda-a com unhas e dentes. Não se intimidem.

Lembremos que a cidadania não se compra em supermercado, nem devem ser embalada pelos anúncios da telinha. Da nossa postura consciente dependerá a felicidade dos homens e das nações.

Jamais abdiquem do humanismo, motivados por vantagens fáceis e desonestas. Não caia no conto dos que estimulam a guerra para vender armas e munição para ambos os lados do conflito.. “ Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela, de fazê-la uma aventura maravilhosa” (Charles Chaplin)

Nos dias atuais, entretanto, o mundo sustenta mais de 40 guerras localizadas, inclusive a do Rio de Janeiro. Ali o povo paga a conta e de quebra é atingido pelo chumbo quente do cinismo. (Entristece-me saber as bombas em poder das grandes potências econômicas, se detonadas, destruirão o planeta três ou quatro vezes).

A indústria bélica fatura bilhões de dólares. Aos que trabalham honestamente os governos reservam modestas quantias. Nunca há verba para os serviços públicos.


Entendo, que a violência urbana é antes um problema social , que não se combate com tiros de grande poder de destruição. A truculência é a matéria prima das ditaduras. A criminalidade, nas democracias, se resolve com largos e sábios investimentos em Educação e boas oportunidades de trabalho.

De outro lado, não se assustem, por favor, quando se depararem com pessoas que defendem as políticas que rejeitamos. É claro, nunca confessarão os interesses escusos. Esse tipo reage através de mentiras, distorções e ênfases em fatos isolados e sem importância. Discutem pessoas em vez de teses. A nossa resposta consiste em nunca desanimar diante da pressão dos feitores. .

Despeço-me na limitação deste espaço, na esperança do reencontro para a troca de informações úteis para todos.

Um grande abraço para a Denise, Larissa, João Pedro, Igor, Dahejan, Érica, Thaissa, ,Cristina, Caroline, Fabíola, Davi, Bruno, Rafael, Nayara, Luana, Aila, Daiane, Ronaldo, Henrique, Daniel, Augusto, Nicolau, Letícia, Stefhany, Breno, Karewn e Gabriela, do Gilberto Sant´Anna.

De cartas em cartas, fazendo-se a cidadania ser coroada. Pelo Gilberto Sant´anna, nosso colunista de Atibaia

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

PARTICIPE DO 4O FESTLIVROS EM ATIBAIA!!

NESTOR LAMPROS NA FINAL DO MAPA CULTURAL PAULISTA

Pela terceira vez o poeta e artista plástico Nestor Lampros vai para a final do Mapa Cultural Paulista.

Com seu poema de nome Procedência, vai representar Atibaia, em março de 2010, no Memorial da América Latina, em São Paulo.

A fase regional deu-se em Indaiatuba, perto da cidade de Campinas. Jader de Almeida, de Atibaia, obteve menção honrosa no certame. O resultado esperado veio depois de uma palestra sobre o trabalho do escritor Luiz Ruffato, onde o próprio autor considerou sua carreira de premiações e de notoriedade versando num tema que lhe é peculiar: a vida dos operários; depois falou como escreve e porquê. Interessante é notar sua trajetória, ao mesmo tempo em que ele reconhecia “suas lacunas” em relação à sua formação.

Logo após houve questões propostas ao escritor pelo público.

O representante do Mapa, o contista e membro do corpo de jurados, Luiz Roberto Guedes, deu o resultado. Mas antes esclareceu aos presentes de como foram selecionados os textos. Quais eram os pontos fortes e fracos e por que qualidades estes textos fora colocados como escolhidos. A seguir, os presentes poderiam perguntar sobre curiosidades pertinentes ao concurso ao contista.

Com muito bom humor ele ratificava que o ofício da escrita é o elaborar e reelaborar o texto.Reafirmando o que disse o escritor, Luiz Ruffato, anteriormente. Não importando em qual modalidade, e sim, persistir sempre em busca do texto ideal.

PROCEDÊNCIA

(presto anguloso)

Deixo a música de ontem para o amanhã.
Minha vida é a velocidade que teima em ser uma curva que baixa
para sessenta KM por microsegundos.
Estou prestes a naufragar nas horas exatas do meu
dia-a-dia e viver com os que desenharam a minha palma
da mão nos acidentes rupestres de ALTAMIRA.
Morro tomando água de Tapies, com gases nobres, dentro de
um banheiro fechado e contrário, da cera quente, da massa de veludo de Beuys;
estou mais aquém do nada, preso em meu labirinto,
incluso na sorte de uma vinha no Ébro, no Cáucaso, na Bretanha.
De carnes: sou desigual. Aumento as filigranas no antanho.
Latas e papéis avulsos me preparam o nome novo,
saído de um forno subatômico.

(molto grave)

Surto
NO MICROONDAS DE UM CURRAL EM Marte.
Vivo ou morto, um desgaste
(não sabem estes marcianos, zoolátricos, mas nasci
em Vênus e meu ascendente é a Terra
azul de onde nunca viemos...). Tristes,
carregamos os maxilares de nossos velhos.
Cansados, obteremos circunstancias erradas
de onde nunca estivemos.
No frio, nos lagos, queimando a mão
com tinta de pedra - lazuli,
ou de magmas acanhados
predicando nossa sonolência
inscrita nos narizes enfadonhos,
de um ser de nome terrível
- que me chamo.

(com brio)

( apago a chama, veio
o estranho
e concluímos
no minarete,
o segundo foguete
para além de minha
powerrância...)...

(finale)

Soturno e envolto em minha pele de zebra verde, jazo algo;
Haroldo por demais xadrez de estrelas.
E no cimo duvidoso do mundo mando buscar minha fórmula,
para perseguir a estranha fatura dos olhos, que nasceram–dilacerados– entre
eu e as orelhas esquerdas lacrimogêneas
que precisarão
renascerem de novo,
músicas, vertigens.

Ou esta mesmíssima manhã
de sufocos, esta que o vento leva e clareia,
nas minhas mesmíssimas celas de areia.

Poema classificado para a final do Mapa Cultural Paulista, que se realizará em 2010.