segunda-feira, 1 de setembro de 2008

ÁRVORE DA VIDA

Os cavaleiros

Há mais que um forte clamor de transtornos
neste cavalgar dos quatro cavalos.
Seus cascos rebrilham em tons nada claros,
tens já em tua mente as cores e os nomes?

Toda a relva desiste de vida.
Toda vida é silêncio e clausura.
Todos os sons, segredos, sepulcros.
Tudo completo, enfim, tudo escuro.

Quatro bandeiras, quatro promessas,
quatro pensamentos, quatro discursos.
Quatro adeuses, acenos encobertos,
quatro mistérios cavalgam o mundo.

No teu quarto aparente e seguro
só com teus olhos se surpreenderias
se com teus ouvidos avistasses os galopes,
os galopes, os galopes já em teus corredores.

Não mais ao longe, na distante Beirute;
China ou Coréia, Senegal ou Rússia,
mas no meio de ti, na corrente profunda,
no sutil e diário passear do teu sangue.

PENSO


Sonhei que era poeta

Malabarista da rima

Que quase matei de inveja

O pai de Macunaíma

Mas isso apenas em sonho

Quando acordado nem penso

Penso somente em vitórias

Derrotas deixo p’ros outros

Penso que a vida é bela

Penso que a Terra é azul

Penso que a Justa é cega

Será que somente penso?

Penso que penso errado

Quem tu queres não sou eu

Amas alguém que eu invejo

Que é dono dos teus encantos

Alvo dos teus carinhos

Ou será que somente penso?

Penso em parar de pensar

E piamente acreditar

No que dizes em meus sonhos

Que teus afetos são meus.

Neles sim vivo seus beijos

Mais doces que quando penso!


Décio

domingo, 31 de agosto de 2008

HARPIA NO NASCENTE

Ela está no gelo,
se sobressai na noite,
envia seus signos do centro,
para receber o ontem.

Está calada.
Prejulga os fatos calada.
Se nota suas rugas no corpo,
depois se realiza
nos nomes.

Torna-se canção no antro,
do azedume das causas.
Mexer no tempo do tempo
cuida de saltar os montes.

E depois de captar as estrelas,
foi ser uma constelação cansada.
Corre nascer dos quasares,
para roubar as cenas da noite.

AUTORETRATO DE NESTOR