quarta-feira, 21 de julho de 2010

A ARTE CONTEMPORÂNEA



O que me chama  a atenção nas obras plásticas atuais é  a aversão de uma riqueza pessoal. Ou se faz citações, ou a crítica instaurada.
O que me deixa perplexo, é o uniforme cinzento nas pinturas, sem uma linguagem pessoal que pede uma reviravolta. Não se inquire, na pintura, se comenta sobre algo. Uma obra que perscruta os velhos temas universais? Não, uma citação anedótica, quiçá falsa de alguém( ninguém especial) que quer interferir em uma idéia requentada.
Os tipos cinzentos, ou negros, ou brancos me penalizam, nas cores que povoam as obras contemporâneas. Algo mais para se fazer? Nada. A pintura, a arte está morta, dizem, vamos para o velório em tempos estéreis e prolongados(!).
Acho que isso é  após-modernidade. Ou,  como quiserem, contemporaneidade...
Por que não colocar o azul com o vermelho. Por que não a velatura que descobre mais do que encobre? Não escolho, dizem. Me escolhem,  faço assim.
Uma obra de arte tem que amadurecer. Com o tempo  à favor é muito pouco para que o universo escondido- pois tudo é misteriosos, se formos ver amiúde- é necessário que o artista passe muito tempo maturando suas idéias. A obra não nasce pronta. Vejamos como um artista desempenha sua escrita pictórica... num espaço de vinte anos(!).
Uma obra tem relações, sim, com as anteriores, se contrário ao que foi feito, se é à favor do que foi feito- isto cabe ao artista decidir.
A forma é algo que deve ao teor da escolha do artista observar; não cabe ao crítico desmazelado com seus interesses mesquinhos fazê-lo. Se isso acontece temos os curadores – artistas- tão em voga hoje em dia... Há um artista de Atibaia que me disse, com razão, que não temos mais curadores, e sim, “curandeiros”.
Se o artista não estiver embasado nas mudanças do mundo, não é artista, mas um citador de outro citado na obra de um terceiro citador...
Não sou pelo purismo, mas para o mínimo de congestão de idéias que permite ao observador realizar, na obra que existe, uma digressão para além do imediato, para além do citado. Para além do mercado.  Nesta direção comparecer nas grandes questões que todas as obras perenes apontam.
Sem isso a arte, mesmo, fenece. Sem o objetivo de algo perene, que venha, mesmo assim, ser motivo da força contrária dos artistas mais jovens, não se obtém arte e sim uma falsa amálgama, um massa indefinida, ou um lampejo que não caminhará com as próprias pernas.
E que mesmo assim, está nos museus e galerias, como inovação. Algo, sim,  pueril, de um autor que nunca voou com suas próprias asas, mas sempre alugada de outros.

ANIMAL ENGRAÇADO DEPOIS DA CHUVA

                                                    ACRÍLICA SOBRE PAINEL-2007

terça-feira, 20 de julho de 2010

O HOMEM DA TERRA

Eu sou um homem da terra.
Também são da terra e nela permanecem
os filhos e o amor nascidos de mim.
Meu queixo e meus dedos esquerdos
dizem que eu sou um homem da terra.
Eu vivi por muitos anos
nos campos onde o vento conduz
bois e lavouras para a morte.
A terra por sua natureza é fiel
e doa para quem nela se estabelece
o primeiro segredo de Deus e o sexo juvenil.
Sei tudo o que eu faço ou falo
é porque eu sou um homem da terra.
Por tudo aquilo que corre dentro de mim
eu afirmo que a pureza da minha língua
foi herdada dos tempos em que
fui plantador de grãos.
A terra ensinou-me a caminhar sobre as fogueiras
e a contar histórias de como nascem as plantas.
Eu sou um homem da terra
e sobre ela deposito meus pés.

Celso de Alencar
Poemas Perversos

domingo, 18 de julho de 2010

O PROFETA EUCLIDES SANDOVAL

O profeta e sua teia,
a sua sempre próspera prazenteira.
Fere a água, olhos no corno de Adão.
O profeta espera, há
uma saída impossível,
uma porta ao
Norte
do absoluto.
O profeta teima,
queima suas barbas e bigodes,
dá ao nada e dele se farta,
como se carne, batatas, uma taça
de vinho, sinto
o teu vago, profeta, das curvas
onde tudo cabe tudo,
e o lado de dentro
dos infinitos lindos.