sábado, 10 de julho de 2010

CAETAMOS A VELU DO OSO

a Caetano Veloso


1
Nasci podado em um copo d’ água passado a limpo.
Cometi três delitos em uma forma embrionária.
Conquistei espermatites no litoral de baixo,
na hora em que
os leões estavam cavando uma cova larga
(dava para se empregar em três cursos diários de desaparecenças...).
E reenviei na noite fugaz o Egito que havia numa pedra de quartzo vermelha e cega.
Ceguei a senhora dos calos homônimos. Presenteei
a sombra brusca na desnatureza, dedilhei a certeza
como uma princesa no asfalto da mente.
Como se palmilhasse a via estruturada na forma do equívoco:
-Deus, onde acompanhas tuas iras?
onde, e com que brilhos assistes?

2
Subi no romance na boca. Cava
obra como obra de uma cabeça sem limites.
Ele abriu as ancas de verdes horas,
no limite sem presença, na boca da noite, no tiro avulso
de afasia, no sentido lato do que lhe bastava na contramão dos santos.
Peito alheio na terra pura nascendo
rapazes alegres e críticos
suecos, como rimas às romãs, maduros.
Oxigênio nos suéteres vultos, Bahia concertina
nas axilas perfumosas dentro dos ritos
sobram as mulheres negras.

3
Desejo. Real apenas nas maçãs
unidas dos próceres de eras.
Na continuidade própria dos seres sem avultamentos.
Tristonhos olhos azuis sem órbitas comuns.
No sentido lato da língua que preferem os verdes.

4
O que irisa, o que principia, o que desmente, sem nome.
Beijo da boca do velho homem.
Próprio da era de cegonhas presas no espaço sem vergonhas.
Presos na terra sem asfalto.

Uma rosa que se faz grito,
ou outra coisa além dos ábacos que perduram na encosta do chá de uma elegia
de maio.
Agosto será. Agora, sei.
Desmaio.


5
Celeste, um nome de Caê de quem sabe soletrar
com as passagens de sua boca sombras latentes nas janelas. Cores,
conchas e colchas dormindo no sexo bom da manhã.
Setenta vezes cumpridas na canção que há.
Na pétala dos tálamos que preanunciam nascer. Hão de ser o discurso
de um poeta careca que penteia seus versos;
na noite de fogo e de paz aéreas...

6
A canção que enobreceria a morena rosa, na vida que é verso e prosa.
No alto da poesia,
nasci dos céus e do mar que nasceu de uma manhã de sábado-a poesia.

Sem precisar consertar óculos, que se vendem sem olhos.
Tudo é muito bom...
E amanhã será segunda-feira.

Ileaiê. E até, no dia programático, na foz dos sonhos que se repetem no poema,
a música é corpo e válvulas de autos. Na tonteria imaginando
a corrente dos anjos sem nomes nascer.
O mar em sua bruteza. Águas que Jorge pediu para navegar.
Pedinte das circunstâncias do ar
será que não há dilema entre dois chifres que passem?...
Que vivam além dos céus que sei. Pavão rubro na noite toda vermelha.

Potência Arquidiomedes, frígios, celeucos, na emoção
Heráclitos que não sabem mais nadar num rio diverso,
posto que voam sem pedir qualquer permissão nua em pelo.

7
Os senhores da árvore se arvoram. Estalagmitem os sonâmbulos,
noctâmbulos, anônimos.
Se referem ao império da águia como forma de prazeres.
Estão acordados na hora prenhe,
na confusão entre lobo e cão.
Sorriem se estamos tristes, se novamente
choramos, se um cão
se lembra dos nossos ombros cansados...
Se lê, ainda, está
do outro lado da ruas e nos surpreende...

Somo os algozes das trombas de elefantes, na sobra
na cárie dos ventos ônus. Sempre.

Os olhos que nasceram coletes, têm corrimentos, têm sortilégios, na balada,
na fossa dos entornos de uma musa caolha, dentro
dos Alves donos
de uma urtiga na batalha.

8
Roubar é preciso.
Daquela precisão de um jogo de xadrez.
Na fórmica do MDF, daquilo que nasceu
ontem do recortado.
Do desenho visto de relance. Na alçada do que sou outros que nasceram estátuas.
Devagar na noite, pura noite, que desponta
no seu céu, horizonte, mineral.

9
Sombra do sortilégio
que perfuma os acentos graves,
na sombra, exata, na úmbria noite
dos galhos.

10
Sobra a noção motora das crianças, no seu espaço;
na curva do tempo que desandará os nomes, o abraço.
De dois discípulos de Joshua.
Os dois que irão matar o Dragão, este de costas largas,
para vencerem, morrerem
e se tornarem peixes
no espaço, voadores.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Paulo Cheida Sans é homenageado no 19º Encontro de Artes Plásticas e expõe no Museu Olho Latino


O artista-professor doutorPaulo Cheida Sans
Por: Assessoria de Imprensa Museu Olho Latino
A mostra "Comigo" do artista plástico Paulo Cheida Sans acontece de 03 de julho a 29 de agosto no Museu Olho Latino, mezanino do Centro de Convenções e Eventos "Victor Brecheret", em Atibaia, SP.
A mostra é composta por 10 obras em madeira com impressões de gravura e apresenta uma síntese da produção recente do artista. Paulo Cheida Sans é artista homenageado do 19º Encontro de Artes Plásticas de Atibaia e a sua mostra é especial para o evento.
Cheida diz que o seu vínculo com o Encontro de Artes Plásticas de Atibaia vem desde a sua participação como expositor do VI Encontro em 1975, quando tinha 20 anos. No ano seguinte também participou como artista selecionado e, alguns anos depois, recebeu o "Prêmio Aquisição" no XI Encontro, em 1981. Depois, já com a sua carreira consolidada como pesquisador em Artes, foi membro da comissão julgadora no X Encontro, em 1995, e no 16º Encontro, em 2006. A sua contribuição maior nas edições do evento foi no 17º Encontro, em 2007, no qual foi o curador e responsável pelo projeto, feito pelo Museu Olho Latino, que foi contemplado com o apoio da Secretaria do Estado da Cultura de São Paulo.
Obra do professor Paulo Cheida Sans em exposição 
no Centro de Convenções em Atibaia


Para Paulo Cheida Sans, após 35 anos em que participou pela primeira vez do Encontro de Artes Plásticas de Atibaia, "é uma enorme satisfação estar expondo como artista homenageado do 19º Encontro". O artista reside em Campinas, mas afirma que tem cada vez mais Atibaia em seu coração.
Paulo Cheida é Doutor em Artes pela Unicamp e professor do curso de Artes Visuais da PUC-Campinas há 31 anos. Participou de cerca de 400 mostras no Brasil e exterior. Recebeu 41 prêmios em Salões de Artes, sendo três no exterior, em Portugal, Estados Unidos e França. Recebeu vários títulos como o de "Comendador das Artes" e de "Homem do Ano", em 1999. Este último outorgado pelo  American Biographical Institute, situado em Raleigh, Carolina do Norte nos Estados Unidos. Suas obras figuram em diversos acervos importantes no exterior, como o da Embaixada do Brasil em Ottawa, Canadá; Cooperativa de Atividades Artísticas Árvore, em Porto, Portugal; Museu Nacional de Belas Artes, em Santiago, Chile; Casa das Américas, em Havana, Cuba; Casa de Humor e Sátira, em Gabrovo, Bulgária; Museu Pohjanmaan, em Vasa, Finlândia. No Brasil, está representado, entre outros, nos acervos do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo; Museu da Gravura e Museu de Arte Contemporânea, ambos de Curitiba. Em Brasília suas obras são encontradas no Museu de Arte, na Caixa Cultural e na Casa da Cultura da América Latina da Universidade de Brasília. Organizou e é autor de vários livros sobre Artes, sendo seu mais recente "Aspectos da Cultura Popular em Campinas", publicado pela PUC-Campinas no final do ano passado.
O 19º Encontro de Artes Plásticas de Atibaia recebeu mais de 200 inscrições de todo o Brasil e foram selecionados apenas 32, entre instalações, pinturas, esculturas e o que há de mais inovador na arte contemporânea.
O Encontro de Artes Plásticas é um projeto apoiado pelo Governo do Estado, Secretaria do Estado da Cultura e Programa de Ação Cultural. A exposição termina no dia 29 de agosto e está aberta à visitação no Centro de Convenções e Eventos "Victor Brecheret", na Al. Lucas Nogueira Garcez, 511, Parque das Águas, na Estância de Atibaia, SP.
Serviço:
Exposição do artista homenageado do 19º Encontro de Artes Plásticas: "Comigo" de Paulo Cheida Sans - 10 obras em madeira com impressões de gravura.
Período da mostra: 03 de julho a 29 de agosto de 2010.
Visitação: de segunda a sábado, das 9 h às 17 h.
Local: Museu Olho Latino (mezanino do Centro de Convenções e Eventos "Victor Brecheret").
Endereço: Al. Lucas Nogueira Garcez, 511 - Estância de Atibaia, SP. Cep: 12941-650.
Realização: Prefeitura Municipal da Estância de Atibaia.
Apoio: Governo do Estado de São Paulo, Secretaria do Estado da Cultura e Programa de Ação Cultural.
Telefone: (11) 4412 7776.

domingo, 4 de julho de 2010

CÉU, ESTRELAS

O TEMPO EXATO

Sintomas dos homens acima do horizonte.
Abaixo recolhamos nossos mortos.
Nossos filhos crescem na medida dos novos.
E embaixo, no chão desfalecido,
A rosa pálida – insonora no sons apáticos
Amadurece sem ter sido.

MINHA HOMENAGEM AO GRANDE POETA ROBERTO PIVA.