quinta-feira, 9 de outubro de 2008

VENEZIANAS




Casas de um tempo vazio

abafadas horas de gelo

Mofado som

zunido oco

floco louco de um silêncio noturno

neve cinza pelo não feito.

No orvalho,

um amanhã de mel

me expande fios de antepassados...

Agora,

uma fenda passa agridoce

água e sal

salitre de rastro.

Agora,

seremos o oceano

maré entre marolas

conchas em onda de amor

caminhantes remos seremos...


Carmen Silvia Presotto

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Dia 20 de novembro de 2007





O fato era este: não sabiam que os pássaros poderiam navegar na prancha de um surfista-escravo, sem mar. Parece que até os ovonautas se aqueciam ao longo desse século que precisavam nascer de acordo com as notas plêiades na noite fria do 24 de dezembro do ano que vem.

Sorriam demandando tempo sem querer que os cachorros tendessem parar na noite. Sem saber que as visões em riste eram apelos aos dedos em riste para nascerem de uma vaca sagrada de onde quebravam o ângulo de vida, para navegar os arquipélagos dos pet-shops da moça que nascera, mais navegante que uma manada. Nascemos, assim, no bojo dos navios que navegavam em sítios arqueológicos, dentro de nós, fora, mesmo, dos entes que eram brancos e sujeitos à primeira pessoa do singular.

Não sabíamos quase nada, além de canjica e flor. Isso fazia que morrêssemos. Em estado de alerta e defuntos consumidos pelos ódios mais que modernos...

Na noite anterior, os homens sabiam de cor porque nasceram em um peroxil na lápide verde de uma música, além dos sóis, que não sei ainda bem da nova - velha sabiamente da plêiade da neve em folhas de ouro, onde as folhagens ingeridas procuravam um presidente.Ou um verme...

Pré- sidente..............................................................................................................................Vermisidente..............................................................................

Sorri, na noite fogosa, uma cabeça além da morte. Cabeça de fósforos apagados. Para além de nascidos prólogos. Prenhes no infinito dos governos. Lá estava ele, presidente que nomeava Adão, além do mar, além do bolo, na fonte das Evas, que sabiam chafurdar o que a neve, se queriam naufragar nos dias.

(Finnegans, ouviu lá fora o ouro do firmamento que se traduzia e trazia o sal de março. O auropeles, o aneurisma, o sal de vermes no sonho, que nascia na morbidez da forma assistente da saliva do nascituro. Nascer da noite e viver um dia. Uma prega do tecido que envolvia a morte. Para além dos dias que morriam pela forma de sobra dos galhos aduncos, das notas facínoras, dos Wellingtos da vida que entremeados pelo poder de alguns sorriam do infortúnio dos mais jovens. Especialmente das desavisadas mocinhas que pintavam a cabeça e deixavam para retocar a epiderme nas lojas de conveniências. Sentados nas mãos o oco do acaso, o primeiro beijo constelar dos homens em movimentos, até acharmos que os presidentes não tinham sequer voz: eram fracassos ambulantes, fora de focos, alheios aos compassos do cerne em degredo.Nome dos 8 anos sem vitórias, como que prorrogados em seu tempo e jogo e espaço...)

Eram nestes esquemas, escravos.

Amanhã será o dia da consciência negra. Tudo em um black-out no palco do centro, até o PILINTRA roubar as rosas de Yemanjá. Ogum sabia que um mastodonte chegava ao triplo de nada mais do que uma ordenança. Xangô, senhor dos raios, que vem matar além de fazer sua justiça, alce-me além dos céus dos céus, para competir na fossa amarga de uma nave pentagrama no infinito. A locução se daria nas noites de sábado para as quintas - feiras, para além das rosas que floriam qualquer água azul do mar empilhados, devagar.

Minha metonímia, minha metáfora me obrigariam a formar os textos em uma causalidade, bem devagar. Onde as figuras se reconhecessem na fuga de uma marcha de carnaval, para adoçar meu café e empobrecer mais ainda os macroexportadores de fibras vegetais. No centro dessa roda, no ciclâmen do furacão, apareceu o mago envolto em bumerangues. Pronto para voar sem entender nada além do que fizeram os seres descomunais para tecer três pirâmides...Escravos tão depressa nasciam como morriam.E mais naturalmente no Brasil da ira insana que conota à Virgem Maria na saciedade dos peixes de um aquário absolutamente demais.

Brasil777

O número de uma besta. O número de uma parcela de bestas, o olho que leva à besta meu nome e endereço. Vânia que encontrei no rabicó da tamanha, do certo por certo, que anda e faz voar só no pensamento, só nas cascas que voam bem devagar.

Era negro esse açaí, no dia certo, que precisava resgatar a tara de onde, e, longe, iria residir uma fórmula matemática. Sem ao certo quantos homens e mulheres morreram atrasados, onde a escapatória era nascerem jornais e viverem como borboletas um instante, um dia.

Haja quem crê, ainda, que a copa será um sucesso. Poderá nascida na hora de um mago, cansado de fazer pirâmides, nascituro das fórmulas? só Pelé não viu ainda o que seria um país. Pois conhece todos. Só o Brasil caberia na sorte de alguns em transtornos. As formigas assadas à la Margueritte sabem...de onde e quando. O sono sabiam, além dos horizontes, para além das flautas de Pã. E arremessavam o corpo morto de Zumbi no alto dos céus de orixás. E uma mulata brejeira com o corpo ensandecido me sorri, como se eu existisse na face da morte e do amor tão presidiariamente desigual!


Pré-ausente..................para aonde e quando só sabemos que é estranho. Mas convivemos. É só. Ausência relativa...Palavra de honra, palavra de vida...