quarta-feira, 15 de junho de 2011

DEPOIS DO SÉTIMO

Perdi meu endereço na chuva. Ela levou e se dirigiu a uma sarjeta. Desconhecendo meu paradeiro aluguei uma ponte para dormirmos, eu e as treze perguntas. Treze perguntas que me fizeram ao se fazerem, homens. Minha atenção continuou além do viaduto onde permanecia atento os quatro carros de cor vermelha que me despiram. Rondilhei minha perna e sobre ela erigi um mundo.


Nele compunha-se de cores, não de ruas, pernas de mulheres absolutas. Tiritar de frio-não. Roubar as estranhas balas da surdina era o método anunciado para romper com o gatilho dos sons:


-Rompi com os desastres, devo reconduzir as massas ao templo? Me perguntava um dos treze, um anão mais muito alto pela sua ternura.


-Não. Recorra aos escapamentos dos carros e afogue um ronco do décimo primeiro, disse-lhe.


-Como fazer?


Apontei para as ternuras dos santos dias nenhum. Inclusive quem se esqueceu dos santos dias em comum.






Minha música tornada em espanto continuava a namorar as agruras do outono. Era por lá sempre primavera, a primeira.


Nós homens que habitavam o espaço de minhas ternuras não se pedia mensagens ou tempo. Tudo se media conforme o lado que anoitecia. Em paridade com os minutos, todos meus minutos eram para a mulher que me sentia. E ela não usava o corpo para permanecer. Contrária a mim mesmo, poderia ir a qualquer lugar.


Em torno do meu universo os óculos eram o ar que respiro. Meus trajes cobriam meus azulejos possantes e minha cara estava para sempre acima da noite a ser barbeado.


Todas as pinturas rupestres do meu conhecimento anunciavam quatro pesos e quatro medidas. Platão vinha almoçar comigo e Descartes era descartado no primeiro raiozinho fraco da minha procura. Kierkegaard roubava meus talheres forrados de nomes bruscos. Nietzsche sempre curava meus cabelos com uma voz reconhecido pelos milhares de documentos sem Kafka.


Sinto que minha casa era demais. E os treze homens que me acompanhavam dedicaram cada qual a uma tortura particular. Eram sempre treze e por treze anos uma tulipa brava veio nascer nas minhas rugas.


E sem saber para que ficar atento pintei com meus olhos a curva dos dias.


Fundando lamentos abafados e coldres de vinho compostos de um nojo vulgar, mereci de terno e capuz o vento, assim, de palavras, sem covardias.


Navegando sem pretensões e músicas sem retorno. Minhas flechas cortavam e cravaram e tudo era bom. O oitavo dia.

Um comentário:

carmen silvia presotto disse...

Hey, vou te pedir o capuz de vento emprestado, têm dias que sinto estes 13 me espreitando(rs).

Beijos e parabén, sempre bom estar aqui. Bom final de semana.

Carmen.