segunda-feira, 29 de abril de 2013

DESCANTAÇÃO DO INAUXÍLIO


     


Sorrir é próprio de quando não há mais palavras.
Nesta cena e nestas chagas acesas,
corroendo a noite toda e todas as suas estrelas,
mãe e filha desistem, cansadas, de entender.

Foram concluindo colisões e procuras,
sentindo a convulsão da multidão ordinária,
sorrindo de mais nada e de tudo e de nada,
pois poucos absurdos testemunham a manhã.

Agora é noite. Estrelas naufragantes gritam,
rompem os lacres dos rostos desinfinitos.
-Mãe e filha desistem de procuras,
e fitam a vida como cães a uma rua de urina.

Notificando, os carros nomeiam a opressão,
e concorrem aos prêmios desorientando
o chão andarilhando a refundação de tudo,
na canção do auxílio sem qualquer canção ou auxílio.

Na mãe e na  filha, no uso comum dos corpos,
afundam   antes de nascerem  olhos, visão.
No rio imundo, carros passam sem  vê-las;
tateiam profundamente ocupados em não as ter.





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