sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

USO DE SERPENTES


serpentários
uso de serpentes
sua forma lisa de ser espanto
forma lisa de estancar as palavras
sua forma lisa de empoleirar o mundo

sem nascer
olho de cobra na órbita
música de sibilos

órfica
natural dos pobres navegando em cacos dentes

pluralidade dos santos
enganos
antes
do cadafalso sem remédio

sombras adúlteras escombros de luzes

na cena

cuidados:

ferem árvores extintas foro de usos de tintas

nos foscos olhos amarelos

sombram e aduanam peixes
anfíbios degolados
fortes tempestades na solidão
da serpente alada

na noite que arde
uma noite antes do fim
um fogão aceso cometas cotos cortados
mariposas riem do mundo

um dedo que respira
antes de nascer a serpente
pressente
o seu rumor ao voo das estacas

Um comentário:

carmen silvia presotto disse...

um dedo que respira antes de nascer a serpente, faz Arte e espanta o mormaço dos dia.

Parabéns e parece que 2011 chega a mil, com novos poemas e um novo livro, não é mesmo?

Beijos.