O pão que comemos
nele não vemos
os imensos trigais.
As águas dos rios,
dos lagos, dos mares,
a tempestade e o furor;
a gota de orvalho
que há numa flor,
que faz dos teus olhos
escorrer uma lágrima
- nem isso não vemos.
Os filhos, a terra,
a estupidez de uma guerra;
a doença e a fome,
os desenganos e os sonhos,
e a nossa mão
que não toca no ombro
do nosso irmão
- disso também nos olvidamos.
Para esquecer
a tarde que chega,
o tempo que esvai,
o cansaço do dia,
comemos o pão
quietos na mesa,
tendo certeza
que nele não vemos
os imensos trigais.
2 comentários:
Ótimo!!
Que poema, nos tritura em versos de amor à Gaia. Ave Poesia!!!
Biejos
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