sexta-feira, 1 de maio de 2009

DESPEDIDA DE SEU ZÉ

Os olhares pouco a pouco nascem.
Deságuam, devagar, entre os portões que machucam as cabeças.
As flores que vão à frente dos caixões
Pedem que não mais sejam regadas.
A natureza que rouba da água a vida intensa,
Renega que a vida se torne uma ofensa.
Sorrimos se o céu nos acompanha,
Tristeza, choramos se a noite vem...

Nesta dor intensa,
A memória nos acompanha e o nome na memória
Redescobre que nós estamos numa onda, e que, breve,
Será algo desumano não frutificarmos mais.
O sonho? A alegria? A pena?
Tornam – se causa dos recantos sem ser ancho.
Notamos mais se divulgarem fotos de crianças
Que nunca escaparam do infortúnio adulto.

Sorrimos caso as horas nos obriguem a chorar. E lá
No alto dos campanários
Os sinos se põem a rufar.

E na noite, no dia H,
Podemos tomar algo além da água, do café.
Porque a tristeza de quem parte
É a mesma de quem fica só de pé.

Um comentário:

Unknown disse...

Estive aprendendo um pouco com você!!! Ademar Abraços!!!