Há poetas e poetas: alguns que vivem da sua própria poesia;
a maioria que vive com a poesia dos outros.
Entender a poesia? Prefiro não entendê-la mas voar com ela.
As palavras buscam meu corpo. Bailo com ela. A música é a
respiração das palavras em minhas vidas. Vidas, sim, no plural. O seu ritmo o
meu corpo pressente e calcula o passo, por vezes desnorteado, por vezes como
uma solução matemática, só que sob o fundo espesso da loucura e do ilogismo.
Não me curvo à crítica, nem ao elogio. Quero me curvar à
honestidade de ter feito algo que me agrade. E que se porventura agradar os
outros, me alegra, mas não me influencia.
Um poeta me ligou chorando. Perguntei-lhe preocupado se
alguém em sua casa estava doente ou tinha falecido. Pior, ele disse, não recebi
convite nenhum para participar de uma apresentação, um sarau sequer, organizado
por X. Para alguns as prioridades estão invertidas. Tristemente invertidas.
A tristeza é forma mais especial para gerarmos filhos
alegres.
Tem pessoas que passam a vida querendo pôr a palavra certa e
de efeito na hora certa. Eu não espero a palavra, a certeza, nem o tempo. Porém
tudo acontece perfeitamente. Como deve
acontecer quando improvisamos e a vida
se apresenta como deve ser.
O joguinho social morre quando não existe pelo menos um
jogador.
Querer agradar os outros é um erro. Melhor o silêncio.
Melhor a ausência que a presença
mecânica e palavras sem efeito.
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