quinta-feira, 17 de outubro de 2013

DEPOIS DA GREVE

                                              


-Vou te arrebentar a cara! Você vai ver a inclusão social bem de perto naquela maca! Você que correu, agora permaneça fiel à minha mão na tua cara. Depois de ver tudo bem de perto, para parar  de almejar coisa,  desses que querem parecer  “bonzinhos”- seu bosta! Ainda quer que a gente faça de você mártir? Não, não vamos- não ! Vai te catar! Vai permanecer calado! Cala tua boca! Se falar vai expelir os dentes que te sobraram. Vai ver avião entrando pelo rabo, cara! Vai te danar... Nós te arrebentamos porque a vida se aborreceu! Tá olhando o quê? Vai te catar! (cusparada na cara mais chutes e pontapés).
A ambulância pega-o e leva-o para o hospital.
Uma semana depois:
O professor de muletas e bandagem vai trabalhar em meio às dores, hematomas e contusões, precisa trabalhar com o final  da greve.
Na sua aula um aluno revida uma observação  do professor por ele, aluno, não ter feito a lição. Ainda por cima respondeu de forma agressiva, chutando a carteira.
No mesmo dia, a reunião de pais e mestres.
O pai do aluno se aproxima e pergunta pela nota vermelha em “comportamento”.
O pai, o mesmo que chutou, bateu, cuspiu no rosto do professor. Disse-lhe que era uma injustiça por ele ter dado uma nota tão baixa em “comportamento na sala de aula” já que ele tinha tido uma educação exemplar.
O professor começa a rir, tem um ataque de riso e passou mal.
Não morreu das pancadas nem das bordoadas. Mas da ironia social e educacional do comportamento da vida com o magistério e os professores.


Nestor Lampros