quinta-feira, 6 de maio de 2010
segunda-feira, 3 de maio de 2010
O QUARTO DE DESPEJO
Um quarto decrescente do medo. Envolto na cor do cinza,
em minhas peles e meus trastes, desafio, estes nomes e sobrenomes, sem alvoroço
à fuga que me despe e quantifica desqualificando - me.
O quarto que despe a alma cinzenta e desafia, não teme
a morte, que contagia meu corpo jovem já velho de histórias.
Jovem? Jovem sem ternura, sem teto. Só me resta o chão que obra
purificar, com meu pouco corpo, na solidão dos mundos, rendido à velha terra.
O frio conduziu-me à solidão. Grito, grito, grito!- sem reputação, sem voz.
As tentações ao meu encalço,
meus sapatos gastos, meu pés em chamas, inchados, desmensuradamente...
Estou desarmada. Queria uma novela
em que eu fosse uma domesticada mulher, ao menos, a menor de todas...
Um auxílio por me conter:
“Sorrir com todos os dentes e ter um nome que não Josefa. Seria Márcia, Antônia, Ana, Maria, que nem a Mãe de Deus...”
-Grito ao vento! -Grito às velas sem luz! -Grito à minha própria sombra que cerra a boca!
Estou na solidão da espera, sem mundo, sem quem me acarinhe...
O meu alto é o baixio de todos.
Rumino à noite, com as migalhas do meu pedaço de pão duro:
aquele quarto que me despeja
todas as horas, meu aconchego, meu desemprego, meus desenlaces parcelados.
Natural. Este mundo violento que rumina no meu medo o riso das paredes...
O que de melhor visão é a pia, o vaso sanitário, os restos de comida caídas no chão do asfalto?
O quarto que o dia é desespero e
agonia.
Todos os dias.
O quarto que me foi deixado para ver ao longe.
Sem fazer esforços, desdenhando meu fim, no começo de todos.
O quarto que é vendido ou decidido a outros. E eu menos que todas, todos, receio continuar
numa rua que descamba para o nada, estreita vala, lugar comum dos sem.
E, no fim, naufragar como no começo, mas sem choro e ranger de dentes.
Porque foi aqui, aqui, meu inferno, na sede, no cansaço, no frio, na fome, na dor-exatos
destes que não me compreendem sempre.
em minhas peles e meus trastes, desafio, estes nomes e sobrenomes, sem alvoroço
à fuga que me despe e quantifica desqualificando - me.
O quarto que despe a alma cinzenta e desafia, não teme
a morte, que contagia meu corpo jovem já velho de histórias.
Jovem? Jovem sem ternura, sem teto. Só me resta o chão que obra
purificar, com meu pouco corpo, na solidão dos mundos, rendido à velha terra.
O frio conduziu-me à solidão. Grito, grito, grito!- sem reputação, sem voz.
As tentações ao meu encalço,
meus sapatos gastos, meu pés em chamas, inchados, desmensuradamente...
Estou desarmada. Queria uma novela
em que eu fosse uma domesticada mulher, ao menos, a menor de todas...
Um auxílio por me conter:
“Sorrir com todos os dentes e ter um nome que não Josefa. Seria Márcia, Antônia, Ana, Maria, que nem a Mãe de Deus...”
-Grito ao vento! -Grito às velas sem luz! -Grito à minha própria sombra que cerra a boca!
Estou na solidão da espera, sem mundo, sem quem me acarinhe...
O meu alto é o baixio de todos.
Rumino à noite, com as migalhas do meu pedaço de pão duro:
aquele quarto que me despeja
todas as horas, meu aconchego, meu desemprego, meus desenlaces parcelados.
Natural. Este mundo violento que rumina no meu medo o riso das paredes...
O que de melhor visão é a pia, o vaso sanitário, os restos de comida caídas no chão do asfalto?
O quarto que o dia é desespero e
agonia.
Todos os dias.
O quarto que me foi deixado para ver ao longe.
Sem fazer esforços, desdenhando meu fim, no começo de todos.
O quarto que é vendido ou decidido a outros. E eu menos que todas, todos, receio continuar
numa rua que descamba para o nada, estreita vala, lugar comum dos sem.
E, no fim, naufragar como no começo, mas sem choro e ranger de dentes.
Porque foi aqui, aqui, meu inferno, na sede, no cansaço, no frio, na fome, na dor-exatos
destes que não me compreendem sempre.
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