segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

NOITE, TEXTURAS ENTRE PELE E DEDOS







Mesmo alquebrado,
Com  a boca em chamas
Uivando da noite grande,
O orixá pega o meu primeiro filho
E mandou  – o para as cavernas de Ninrode.

Depois Iemanjá canta da vida na água
E faz do coro de seu nome azul, o vento
Que descarrega as palmas das mãos em brancuras solenes.

Negra, negra como  a noite
Como a vida de Sunamita.
Como o portal de Elifaz...

Esta negra que rega as plantas com seus olhos negros,
E como negra refaz no seu corpo
Minhas esculturas nas alturas das areias...

Noite, noite
Que se transfigura
As sobras em chuvas dos orixás.

Xangô, quis retumbar os raios nos batuques de amanhã.
E então a beleza negra deu um sorriso e chamou-me na amplidão.
Reconhecendo o seu tempero
Na medida exata de minha fome intensa
Em amá-la com atenção, carne, e visões.

Negra, negra, como a noite
Que manhã nascerá  na tua chuva
Ao amanhecer, na penumbra insegura?

Negra, noite, noites , enlaçadas
Quem te criou ontem?
Saíste do reino do xadrezes
E venceste a complexa
Partitura
De tuas vestes multicolores
Dos brancos peões, bispos e rainhas
Dos mates sem direções?

Negra, negra como a noite
Te procuro
Sou o dia do seu amanhã!
E tua consumação-  à noite
Na noite que orvalhara carne
Sem aflitos ou aflições
Nos reinos de vidro de  Iansã...

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