O pão que comemos
nele não vemos
os imensos trigais.
As águas dos rios,
dos lagos, dos mares,
a tempestade e o furor;
a gota de orvalho
que há numa flor,
que faz dos teus olhos
escorrer uma lágrima
- nem isso não vemos.
Os filhos, a terra,
a estupidez de uma guerra;
a doença e a fome,
os desenganos e os sonhos,
e a nossa mão
que não toca no ombro
do nosso irmão
- disso também nos olvidamos.
Para esquecer
a tarde que chega,
o tempo que esvai,
o cansaço do dia,
comemos o pão
quietos na mesa,
tendo certeza
que nele não vemos
os imensos trigais.
Um comentário:
Amor, para mim este é um dos seus melhores poemas. Nunca me canso de lê-lo e gosto mais ainda quando você o recita, como no nosso primeiro encontro aqui em Itatiba, quando você o declamou, segurando minha mão e olhando nos meus olhos. Talvez seja essa uma das razões pelo meu incomensurado amor por este texto, mas a verdade é que ele é BOM mesmo!
Beijoka
Tua Yndi
Postar um comentário