Pelas cidades machucadas passei
andei pelas ruínas, flancos,
do lado de fora das casas que se estendiam.
Olhei o mundo em sua forma desigual.
Parei um dia ao andar muito, muito,
- para conhecer-me melhor
e comigo os outros.
E doía, a cidade, em mim, não por valor, machucava-me,
esta lança de aço, esta fera, bestas-feras.
Ardia em quilômetros meu naufrágio,
na fase da lua nova uma esfera,
como um cometa pede auxílio ao sol, revi
muitos anos de minha situação inicial.
Compreendi que não ficar sozinho é calar sem escutar a razão.
Acoplado em meu dedo mínimo me senti
nas circunstâncias e pedi a Deus UM Deus.
Sinceramente acordei naquele quente dia de março
e estonteado com a visão conheci que dois e dois nem sempre são 4.
São quatro os pontos cardeais que andei mas nem sempre tive essa visão
menstruada com a fome do calor de um inverno.
Parei com fome numa padaria e sem precisar de palavras comi
o lixo das entranhas da terra em suavidade de línguas
no trigo da massa.
A linguagem é pouca e os companheiros são vários,
iguais em inclusões e explosões de ritmos e liberdade.
Não basta cantar a liberdade neste chão pesado, é preciso
ameaçar sair calado do outro lado!
E na Via Ia em que vão todos os carros
onde o feno aromático de leve
se anuncia,
onde
como a brisa tem valores e subterfúgios mil,
encontrei você descuidada com as flores e os homens.
Mais potente do que a mão cerrada e o punho a sangrar alerta
a vi e não compreendi de início o seu valor naquela escuridão.
O seu valor em ter nas mãos um crisântemo.
Sonhei então meu último porto para ser realidade,
porque com a faca que marquei seu nome em mim
feri os olhos em estado neutro.
Com as desgraças dos homens e a virtude se colocando
em dúvida como andarilho que sou.
Arranquei meu coração e o dei a você.
Como prêmio para me aprisionar outra vez.
Eis que outra vez me vesti da malha pesada do discurso
- porque palavras
são meras palavras se não aspiram
ao entendimento de quem foram os heróis em demonstrar o contrário.
Vida que se evade tranquilamente como
o despertar do gigante de fortes braços a esmagar
um milhão de vozes, ou eu igual
a tantos outros.
No fogo da janela alerta dos mercados
na radiosa claridade de uma infância,
de uma irmã, de um amor,
recém saboreados num dia de sábado...
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