Eu sou um homem da terra.
Também são da terra e nela permanecem
os filhos e o amor nascidos de mim.
Meu queixo e meus dedos esquerdos
dizem que eu sou um homem da terra.
Eu vivi por muitos anos
nos campos onde o vento conduz
bois e lavouras para a morte.
A terra por sua natureza é fiel
e doa para quem nela se estabelece
o primeiro segredo de Deus e o sexo juvenil.
Sei tudo o que eu faço ou falo
é porque eu sou um homem da terra.
Por tudo aquilo que corre dentro de mim
eu afirmo que a pureza da minha língua
foi herdada dos tempos em que
fui plantador de grãos.
A terra ensinou-me a caminhar sobre as fogueiras
e a contar histórias de como nascem as plantas.
Eu sou um homem da terra
e sobre ela deposito meus pés.
Celso de Alencar
Poemas Perversos
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