a Caetano Veloso
1
Nasci podado em um copo d’ água passado a limpo.
Cometi três delitos em uma forma embrionária.
Conquistei espermatites no litoral de baixo,
na hora em que
os leões estavam cavando uma cova larga
(dava para se empregar em três cursos diários de desaparecenças...).
E reenviei na noite fugaz o Egito que havia numa pedra de quartzo vermelha e cega.
Ceguei a senhora dos calos homônimos. Presenteei
a sombra brusca na desnatureza, dedilhei a certeza
como uma princesa no asfalto da mente.
Como se palmilhasse a via estruturada na forma do equívoco:
-Deus, onde acompanhas tuas iras?
onde, e com que brilhos assistes?
2
Subi no romance na boca. Cava
obra como obra de uma cabeça sem limites.
Ele abriu as ancas de verdes horas,
no limite sem presença, na boca da noite, no tiro avulso
de afasia, no sentido lato do que lhe bastava na contramão dos santos.
Peito alheio na terra pura nascendo
rapazes alegres e críticos
suecos, como rimas às romãs, maduros.
Oxigênio nos suéteres vultos, Bahia concertina
nas axilas perfumosas dentro dos ritos
sobram as mulheres negras.
3
Desejo. Real apenas nas maçãs
unidas dos próceres de eras.
Na continuidade própria dos seres sem avultamentos.
Tristonhos olhos azuis sem órbitas comuns.
No sentido lato da língua que preferem os verdes.
4
O que irisa, o que principia, o que desmente, sem nome.
Beijo da boca do velho homem.
Próprio da era de cegonhas presas no espaço sem vergonhas.
Presos na terra sem asfalto.
Uma rosa que se faz grito,
ou outra coisa além dos ábacos que perduram na encosta do chá de uma elegia
de maio.
Agosto será. Agora, sei.
Desmaio.
5
Celeste, um nome de Caê de quem sabe soletrar
com as passagens de sua boca sombras latentes nas janelas. Cores,
conchas e colchas dormindo no sexo bom da manhã.
Setenta vezes cumpridas na canção que há.
Na pétala dos tálamos que preanunciam nascer. Hão de ser o discurso
de um poeta careca que penteia seus versos;
na noite de fogo e de paz aéreas...
6
A canção que enobreceria a morena rosa, na vida que é verso e prosa.
No alto da poesia,
nasci dos céus e do mar que nasceu de uma manhã de sábado-a poesia.
Sem precisar consertar óculos, que se vendem sem olhos.
Tudo é muito bom...
E amanhã será segunda-feira.
Ileaiê. E até, no dia programático, na foz dos sonhos que se repetem no poema,
a música é corpo e válvulas de autos. Na tonteria imaginando
a corrente dos anjos sem nomes nascer.
O mar em sua bruteza. Águas que Jorge pediu para navegar.
Pedinte das circunstâncias do ar
será que não há dilema entre dois chifres que passem?...
Que vivam além dos céus que sei. Pavão rubro na noite toda vermelha.
Potência Arquidiomedes, frígios, celeucos, na emoção
Heráclitos que não sabem mais nadar num rio diverso,
posto que voam sem pedir qualquer permissão nua em pelo.
7
Os senhores da árvore se arvoram. Estalagmitem os sonâmbulos,
noctâmbulos, anônimos.
Se referem ao império da águia como forma de prazeres.
Estão acordados na hora prenhe,
na confusão entre lobo e cão.
Sorriem se estamos tristes, se novamente
choramos, se um cão
se lembra dos nossos ombros cansados...
Se lê, ainda, está
do outro lado da ruas e nos surpreende...
Somo os algozes das trombas de elefantes, na sobra
na cárie dos ventos ônus. Sempre.
Os olhos que nasceram coletes, têm corrimentos, têm sortilégios, na balada,
na fossa dos entornos de uma musa caolha, dentro
dos Alves donos
de uma urtiga na batalha.
8
Roubar é preciso.
Daquela precisão de um jogo de xadrez.
Na fórmica do MDF, daquilo que nasceu
ontem do recortado.
Do desenho visto de relance. Na alçada do que sou outros que nasceram estátuas.
Devagar na noite, pura noite, que desponta
no seu céu, horizonte, mineral.
9
Sombra do sortilégio
que perfuma os acentos graves,
na sombra, exata, na úmbria noite
dos galhos.
10
Sobra a noção motora das crianças, no seu espaço;
na curva do tempo que desandará os nomes, o abraço.
De dois discípulos de Joshua.
Os dois que irão matar o Dragão, este de costas largas,
para vencerem, morrerem
e se tornarem peixes
no espaço, voadores.
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