quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Noite, texturas entre os dedos

Mesmo alquebrado,
Com a boca em chamas,
Uivando da noite grande
O orixá pega o primeiro filho
E mandou – o para as cavernas de Ninrode.

Depois Iemanjá canta da vida na água
E faz do coro de seu nome azul, o vento
Que descarrega as palmas das mãos em brancuras.

Negra, negra como a noite
Como a vida de Sunamita.
Como o portal de Elifaz...

Esta negra que rega as plantas com seus olhos negros,
E como negra refaz no seu corpo
Minhas esculturas nas alturas...

Noite, noite
Que transfigura
As sobras em chuvas dos orixás.

E então na beleza negra de um sorriso em amplidão.
Recoheço o tempero
Seu na medida exata de minha fome intensa
Em amá-la com atenção, carne, e visões.

Negra, negra, como a noite
Que manhã nascerá na tua chuva
Ao amanhecer?

Negra, noite, noites
Quem te criou ontem?
Saíste do reino do xadrezes
E venceste a complexa
Partitura
De tuas vestes brancas
Dos brancos peões, bispos e rainhas?

Negra, negra como a noite
Te procuro
Sou o dia
E tua consumação...

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