terça-feira, 27 de julho de 2010

TODO LOUCO É UM ARTISTA?...

Ser louco não é condição sine qua non para ser um artista.
A arte se embebe da loucura, ou dos visionários, chamados loucos, por uma consideração errônea. Não é preciso ser louco, ser internado, e usar camisas de força para ser artista. Porém, a loucura no homem e mulher na hora certa pode fazer com que esta loucura seja transformada em fonte criadora.
A questão não é ser louco para ser chamado de artista. Muitas vezes a esquizofrenia, ou e mesmo as manias de perseguição e outras patologias, podem causar sérios estragos em que os têm. Não é confortável tomar anti- depressivos. Nem é bom. Mas é muito bom estar naquela condição e na busca do que a sociedade compreende como anormal para se fazer uma anormal obra. A obra em questão pode ser algo acessado diretamente do subconsciente, ou inconsciente coletivo. Temos aí a floração do gênio que mistura nas suas ficções a fixação do eterno dentro de todos. Eis aí a arte que fulgura para além do racional. E grande parte disso provém da fonte criadora dos místicos, profetas e artistas.
È bem verdade o que o crítico e poeta Ferreira Gullar diz numa entrevista em seu site: de que é bem verdade que o artista se embebe de suas frustrações e vivências para produzir. Agora aquele que tem estas patologias, ditas anteriormente, não quer dizer que por ser louco vai resultar numa vida de obras significativas simplesmente.
O louco sem o aparato técnico-conceitual e sensível, o louco desorbitado, “o louco de pedra” incapaz de diferenciar o azul do amarelo, não será artista. O que ocorre, sim, é que o artista tem seus problemas psíquicos. E aí floresce a sua arte no pandemônio da crise. E não tem fugas, deve fazer da arte uma sublimação de suas crises nas cores, nas formas, nos ritmos, na música. Vemos isso claramente em gênio como Vincent Van Gogh, Antonin Artaud e Schumann.
A conjunção interessante é aquela que envolve o artista e suas fixações. Sua vida no insight delibera sua loucura em formato tal que é apresentado aos outros e se revelam desde o céu e o inferno(Blake), até o uso das drogas para levar a estados alterados de consciência. Mas isto não quer dizer que o drogado vai ser artista, nem que vai produzir pela ingestão e uso de drogas ilícitas ou não. Pela minha experiência pessoal, sou incapaz de criar quando num estado de embriaguez.
A capacidade criadora intervém na realidade para formalizar novas realidades possíveis. O louco que não tem a conjunção da sensibilidade com a técnica de algum ramo de arte, fica preso na sua loucura. O artista, no surto, tenta se libertar das amarras deste seu mundo que o assombra e o faz até ter medo. Ele consegue ter acesso, por causa de seu estado de alteração sobre a realidade, e assim desprega-se e pode flutuar no ar há dois metros do chão, como falou o artista-louco-visionário Artur Bispo do Rosário.

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