sexta-feira, 4 de setembro de 2009

JERUSALÉM

Meus olhos campeiam víboras macias
no interior dos conventos que invento.
Sem vento recolherão normas e títulos bancários.
Roubando flores de nozes e cercos contra Jerusalém.

Meninos cantam a névoa encantada das plantas não-nascidas:

Eu fui até a Cidade
Começar os ares da verdade.

Tinha mentiras nas palavras
Que roubaram as escadas dos dias.

Eu me encantava de ver a poeira
Ser meu pé de roseira em raiz das mentiras...

Somos homens e mulheres que permanecem,
ouvindo o tino das canções em alforjes.
O brilho sagaz dos homens na natural beleza
dos centros atrozes.

O Mestre roubou-me a paz. Demoliu
minhas construções. Rasgou o meu nome de pássaros ao voar.

Senti-me circunspeto no
atavio dos louros. E soube ser aceito no sobrevoo.

O ar que engasga, repõe a brisa cálida
a vociferar entre os dentes a dor das perdas.

Ó Jerusalém, que brilho te cobriu com o abandono?... que fome distribuiu seus donos?...quem soube quem roubou tuas vestes?... que antro desejou coabitar no seu signo, no parecer de nua voz entre as nações e seus malogros?...

Combinas as asas que perdoam danos novos,
em incinerar os cabelos
de medusas que nem sequer há entre o hálito.
Os que propagariam as vestes,
que retornariam, que entornariam,
no fiel progresso em teu retorno.

Meu corpo para que se queime
- é o que entrego- e assim apregoo
o que ousou ser luso ao amanhecer.

Depois água que mata a sede de sonhos,
ao nascer e envelhecer de novo.

Anjos que visam voar nus no espaço,
choram as mães em redigir nos ares litâneas,
eu sou alguém que viu a cidade,
e não compreendi o rarefeito
de sua última imagem, em paisagem
de ser contorno entre alhures, entre pó. Entre nós.

Para ver o que os olhos esconderam.
Nascendo calmo nas nuvens uma criança.
Que se sentiu mal, cambaleou,
e redigiu algo impossível.

Jerusalém, Jerusalém- sempre és tu
quem sombreia as velhas mulheres,
com sua vestes compridas, negras e cruas.
Meu pai, meu irmão, minha mãe, meu amor...

Eu que fiel em todas as casas, te vi cercada de bramidos.
Dragões que neutralizam as canções, e o formidável apelo
dos que nunca nasceram,
querem te ver e reconhecer ao nascerem de novo nos espaços infinitos...

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