eu sinto
muito ao ver meu país de névoas
requisito uma parte
no transe do guerreiro
mítico
da história
quero cantar o hino nacional
na comoção diária
nacional sem dúvidas
sociais e com fé
sem dúvidas individuais
mas
contando meu novo endereço florido
entre flores de sorteios
entre vidas sem o receio
quero meu rg de vidro
e o cpf de centeio
quero certidões negativas
sem que me fotografem
os sítios já falidos
na fórmula dos deputados
privado de senadores
vereadores
no computo dos deportados
que foram eleitos sem mim
e que nasçam
da política do pólen
das margaridas e dos jasmineiros
na política dos homens
sempre desiguais
quero que me sorteiem
a vida em uma hora
de acessos individuais
na vida que requer o pleno
representante em desdizer
o desamor
em ser um cidadão não- kane
sem o ser
mas vendo - o com
os dois olhos e suas dores
o que eu não vendo: minha
parte no país neste chão
que me
fez padrasto e não pai
(não quero ir à pasárgada
quero ser amigo dos garis
e da mulher que escolho
e com ela me refiz)
e ter meu filho verdadeiro
presidente
sem crises de gabinetes
nas consciências eternas
mas como um filho
que determinei e escolhi
na ternura de sentir
para carregar no nome
meu sobrenome
como fosse
alguém do povo: com sorte::
lampros, isejima, silva, couto, etc
– numa criança desgovernando
adultos sem susto
e sem a constância de navegar
os ventos e procelas
pelos nossos mares
dos nossos brasis
sem serem brasas
nas chamas
acesas nas praças
que eu sempre sorri
Um comentário:
Nestor, querido amigo!
Que alegria entrar no Calígrafia e ver este possível assalto de palavras ao "País das Brumas", onde um RG de vidro e um CPF de centeio são uma materialidade carregada de pólen, criativamente humano, rumo a Art.. aud e a mais Arte.
Um abraço carinhoso e que bom retorno!!!
Carmen Silvia Presotto
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