segunda-feira, 3 de novembro de 2008

FÁ - SUSTENIDO

ele regava as flores
e sortia encanto ao mundo
passava de ombros no mundo
e ficava atento e flutuante

jogava sementes na terra
esta que se metia no ar
desenganava o desalento
de todas as entranhas a cantar

tornava o sol em que era chuva
e o seu sono do mundo transpassava as ruas
e sonhava depositar as sementes
semeando o ar que sente navegar

no fim da tarde quando os despojos
tornam-se azuis
cavalga os corcéis do amor
em pranto, em luz

e dormia, finalmente
depois de desaraigar as gentes
sonhava em ser um fá - sustenido
entre os mendicantes pingentes
e tornava a vida a cantar
onde não era ele sempre

2 comentários:

uma poetinha... disse...

Quão delicado pode soar palavras agrupadas? sinceramente...Muito!
;)
Amne

e1obrero disse...

Música da vida, são as palavras bem empregadas em um poema em fá sustenido.Quando buscamos as dissonâncias, sempre acertamos.
Diego Fernandes de Oliveira